quinta-feira, 31 de julho de 2014

Dica de ilustrador: Allen Williams

Os artistas clássicos são grandes referências sempre, mas é preciso também olhar para os artistas do seu tempo, o que eles fazem, como eles trabalham, o que eles trazem de novo, a ilustração não é algo estático, imutável, novas técnicas surgem, novos conceitos. Então é vale ficar atento a tudo. 

O artista, Allen Williams de hoje trabalho com desenho de fantasia. Como sempre a questão do foco de luz é algo chamativo. 

Separei um pouco de desenhos e pinturas porque toda a etapa do processo é sempre importante de ver. 

Para ver mais do trabalho dele acesse http://ijustdraw.blogspot.com.br/











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quarta-feira, 30 de julho de 2014

Eu receberia as piores notícias de seus lindos lábios

Tenho que confessar que era meio ignorante em relação a Marçal Aquino. Apesar de ser um nome já bem rodado eu facilmente colocaria ele entre a nova geração de escritores brasileiros por pura ignorância. 

Me surpreendi bastante quando descobri que ele já está com 56 anos e que ele escreveu vários livros juvenis da coleção Vaga-lume da Ática (que formou vários leitores da minha faixa etária, veja esse aqui, por exemplo).

A cena literária atual brasileira (veja bem que esse é um ponto de vista bem particular meu e que minha única participação nesse nicho é leitor/consumidor) é bem bizarra. Tem uma série de escritores "celebrados", mas que parecem ser inflados por algo artificial. Não se tem um grande mercado leitor no Brasil e qualquer meia dúzia de livros vendidos por um autor publicado por uma editora "grande" é divulgado com se fosse meio milhão de cópias.

Isso acaba dando um certo desânimo e desorientação no leitor. Você não sabe se esse ou aquele escritor é realmente bom, se é algo realmente interessante que está sendo publicado ou se é algo que foi inflado pra parecer muito mais do que é. 

Por conta disso eu tento pelo menos ler um livro de cada um desses autores festejados pra ver se são do meu gosto. 

Volta e meia encontrou um que eu gosto bastante e outros que são é que bons, mas que eu acredito que não me surpreenderiam tanto em outros livros. 

Marçal Aquino está nessa categoria dos que são bons, mas que não me chamou atenção ao ponto de falar: tenho que ler tudo que ele escreveu e escreverá. 

Eu receberia as piores notícias de seus lindos lábios é um livro cinematográfico, tem cara de filme nacional - tanto que virou filme, eu ainda não vi, mas está na minha lista pela curiosidade de ver a versão de carne e osso de Lavínia e Cauby - não sei se isso é mérito ou demérito, na real. O que dá a ele cara de um filme nacional é: tem muito sexo, se passa em um lugar isolado e de certa forma exótico no Brasil, tem um personagem "outsider" nesse lugar, e tem crítica a  religiosidade, política e pequenez mental do rincões do país. 

Uma das coisas que eu pensei lendo esse livro é que ele seria uma leitura ótima para as mulheres que leram e gostaram de 50 Tons de Cinza. E veja que eu não falo isso como desmerecimento nenhum, muito pelo contrário. É um livro que tem sexo, amor, paixão, ação e é muito bem escrito. 

Se você conhece alguém que leu 50 Tons de Cinza e gostou muito e está aberto a continuar lendo, Eu receberia... é uma maravilhosa porta de entrada para essa pessoa fazer a virada de uma leitura rasa para algo bem escrito e, quem sabe, passar a ler coisas bem feitas e não apenas fórmulas de sucesso. 

Não virei fã de Marçal Aquino, mas depois de ler Eu receberia... virei fã do livro e ele entrou para a minha lista de "livros presente". 

Compre aqui o livro e abaixo capa e sinopse oficial.


No momento em que narra os fatos de 'Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios', o fotógrafo Cauby está convalescendo de um trauma numa pensão barata, numa cidade do Pará que algum tempo antes fora palco de uma corrida do ouro. Sua voz se propõe a ser impregnada da experiência de quem aprendeu as regras de sobrevivência no submundo - mas não é do ambiente hostil ao seu redor que ele está falando. O motivo de sua descida ao inferno é Lavínia, a misteriosa e sedutora mulher de Ernani, um pastor evangélico. A trajetória do fotógrafo vai sendo explicada por meio de pistas - a história de Chang, morto num escândalo de pedofilia; o mistério de Viktor Laurence, jornalista local que prepara uma vingança silenciosa; a vida de Ernani, que no passado tirou Lavínia das ruas e das drogas. Mesmo diante dos riscos, Cauby decide cumprir seu destino com o fatalismo dos personagens trágicos.


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terça-feira, 29 de julho de 2014

Dica de ilustradores: Mead Schaeffer

Sou grande fã da era de ouro da ilustração americana, esses artistas que mantinham a integridade da pintura e aplicavam diversas técnicas de design - muitas criadas por eles mesmos - estilizando luzes, maximizando contrastes, recortando os traços e deixando muita coisa para a interpretação de quem está vendo a imagem. São artistas de elegância extrema e habilidade surpreendente. 

Para você que queria conhecer mais artistas da geração que Norman Rockwell, Mead Schaeffer é um dos grandes ilustradores a se estudar. 

Preste atenção em particular para a ilustração do Conde de Monte Cristo (a última) veja como funde a roupa dele com a sombra.
















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segunda-feira, 28 de julho de 2014

Hotel mundo

Uma coisa que eu gosto muito quando leio livros é uma voz narrativa diferente. Particularmente eu gosto de vozes que possuem um toque de inocência e uma ausência de julgamento que dá uma aura de honestidade pra história. 

Quando eu terminei de ler No One Belongs Here More Than You da Miranda July (traduzido no Brasil em É claro que você sabe do que eu estou falando), que tem justamente essa qualidade maravilhosa da sinceridade, do olhar alheio as regras e convenções do mundo, eu lancei no twitter: "terminei de ler Miranda July e quero mais, onde eu consigo?"

Na época o Érico Assis me respondeu perguntando se eu conhecia Ali Smith e eu não conhecia. 

Comprei um e-book dela, o Hotel Mundo e ele ficou enclausurado no meu Kobo até semana passada. 

Ali Smith era justamente o que eu estava procurando na época e o que eu ainda procuro hoje. Tinha as qualidade daquela voz peculiar da Miranda July e estava um passo acima. Miranda é uma multi-artista, faz um pouco de tudo, o forte dela experimentar, então o livro de contos dela é ótimo, mas Ali Smith é efetivamente uma escritora e trabalha em um outro nível. Tem mais narrativa, constrói uma história mais complexa com grande poesia na linguagem. 

Em Hotel Mundo, Smith mostra a vida de diversos personagens que orbitam em torno de uma tragédia ocorrida dentro de um Hotel: a morte de uma garota que entrou em uma pequeno elevador de carga que se rompeu. 

Trabalhando em cada capítulo com personagens diferentes, com vozes diferentes, afetados de alguma forma por essa situação, Smith compõe um belíssimo livro sobre vidas a deriva. 

Vale muito a pena ler Hotel Mundo e se você não conhece Miranda July que eu citei, também é uma grande leitura.



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sexta-feira, 25 de julho de 2014

São Paulo S/A

A convite do Lielson, roteirista e meu amigo do UHQ, fiz uma HQ da série sobre o trânsito que ele criou chamada São  Paulo S/A.

Quando ele me mandou o roteiro quebrei a cabeça, porque primeiro tinha muito carro e segundo eu queria fazer pintado mas era algo muito complexo para o meu nível de pintura. 

Então, já que era uma coisa sem muito compromisso resolvi fazer algo que seria uma experiência completamente nova pra mim e serviria para aprender algo no processo: fiz a HQ totalmente digital. 

Óbvio que eu nunca tinha feito algo assim então apanhei bastante. Não usei o estilo "normal" de colorização digital, primeiro porque eu não sei usar e segundo porque eu queria algo que parecesse pintado. 

Pra quem tem curiosidade o processo foi o seguinte: peguei o roteiro do Lielson, e demarquei em um layout com a largura de um A4 e o comprimento de 3 A4 todos os quadros que eu faria. Pra facilitar, já na demarcação eu escrevi o que iria em cada quadro para eu não ter que voltar toda hora no roteiro. 

Fiz uma base para o fundo, esse cinza meio céu de São Paulo em dias ensolarados e daí fui trabalhando com as layers do Photoshop. Uma layer tinha a diagramação básica, uma tinha o esboço e a última tinha a pintura em si. 

Pintei todos os quadros seguindo o mesmo processo que eu uso em guache, escurecendo com manchas transparentes e abrindo luz com manchas opacas.

O resultado você confere aqui na Vaca Voadora por esse link

Se quiser ver todas as São Paulo S/A veja nesse link

E vale muito a pena passear por todo o tumblr da Vaca Voadora, tem muita coisa muito legal lá, uma das séries que eu mais gosto são As Aventuras de Zurath, da Bianca Pinheiro (autora do fofíssimo Bear)





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quinta-feira, 24 de julho de 2014

Dicas de ilustradores: John Singer Sargent

Como eu citei o Sargent nesse post, acho justo apresentar melhor ele. 

Sargent (1856 - 1925) é considerado o melhor retratista americano da sua geração, vale uma observação quanto a nacionalidade dele. Ele é filho de pais americanos, mas nasceu na Itália, viveu pela Europa e morreu na Inglaterra. 

Sargent ficou famoso por suas pinturas a óleo, mas também produziu muitas aquarelas. 

Como sempre na pintura o que mais chama atenção é a qualidade do contraste no seu trabalho, como é comum ele trabalhou muito com fundos escuros dando um grande destaque para os rostos iluminados.

Uma coisa que eu gosto no Singer é que mesmo sendo um pintor naturalista, com grande atenção ao detalhe e tudo mais, você nota uma estilização no seu trabalho. Em vários quadros você vê a opção por recortes retos e outras simplificações. Na pintura também ele conservava o hiperdetalhismo nos rostos e resolvia roupas muitas vezes de forma simples e elegante. 

Sargent é daquelas referências inestimáveis e todos que pintam volta e meia acabam fazendo uma releitura do seu trabalho. 

Abaixo, além de alguns quadros que eu acho muito legal, separei um desenho dele (gosto muito de ver os desenhos dos pintores, eles têm opções muito curiosas de escolha de linhas e massas. 

Também tem uma foto do Sargent no estúdio dele pra dar ideia da dimensão de alguns dos quadros que ele fazia. 




Repare como ele resolve o tecido da roupa de forma simples.





Veja o contorno desse rosto, vê as linhas retas e os recortes lindamente estilizados?










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quarta-feira, 23 de julho de 2014

Quaisqualigundum

Acho que ninguém vai conseguir falar direitinho o nome desse álbum e é mais seguro dar um copia e cola para garantir que digite certo, mas o que importa mesmo é que de qualquer jeito que você fale ou escreva, Quaisqualigundum é um nome que diz tudo que você precisa saber.

Esse álbum foi um dos contemplados pelo PROAC SP - sempre bom ver o nosso dinheiro indo para um lugar decente pra variar - e conta histórias inspiradas nas músicas de Adoniran Barbosa.

Fiquei sabendo desse álbum quando estava fazendo o curso de Pintura Relâmpago com o Davi Calil, na época ele chegou a mostrar uns originais (pintados com guache, com a mesma técnica que ele estava nos ensinando) e comentado um pouco da produção. 

Bom, nem preciso dizer o quanto a HQ é bonita, né?

Com um desenho bem cartum, bem dinâmico e uma pintura muito expressiva de cores escolhidas a dedo para criar o clima ideal da história, de cabo a rabo é um projeto gráfico sensacional. 

O Roger Cruz obviamente ficou famoso pelo trabalho dele com os comics americanos, um traço "certinho", bem feito, mas nos moldes que o mercado pede e consome. Agora, quem alguns anos atrás leu Xampu (quem não leu compre aqui), sabe o quão expressivo e legal  é o desenho menos realista de Roger. 

Enfim, tudo que eu falar não vai ser o suficiente. 

Leiam Quaisqualigundum, é um grande álbum, mais uma das excelente publicações que o governo de SP tem ajudado a realizar. 

Como é um álbum independente, a distribuição não é o forte (se nem as editoras pequenas conseguem distribuir decentemente, imagina os independentes). O melhor jeito de comprar é pelo site da Ugrapress.





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