segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Um mundo em IMAX



Não sei se o formato IMAX vai pegar. De cara há dificuldade de se construir novas salas - o investimento grande e, apesar do retorno notório, parece depender de um espaço físico impraticável para a maioria dos Multiplex. Justamente em consequência disso o acesso a esse formato é limitadíssimo. A única sala IMAX de São Paulo gerou uma espera de semanas para ver o Avatar e provavelmente terá mais procura conforme filmes melhores surjam utilizando bem a tecnologia.

Fora as questões técnicas tem a discussão sobre aproveitamento ideal desse formato. Não há dúvidas que ver um filme em IMAX 3D é um grande espetáculo. Mas acaba valendo mais pela curiosidade do que o filme em si.

Assistindo os trailers antes do Avatar nota-se que a utilização de Cameron do formato está longe do ideal. Só o trailer de um documentário sobre o fundo do mar já causa muito mais deslumbramento do que o filme todo.

Vendo o Avatar fica a impressão que não foi levada em conta nossa capacidade de assimilar tanta informação visual. A cada cena existe tanta coisa para se olhar, tanto detalhes magnificados que você facilmente esquece da história e sofre para acompanhar as legendas (ok, nem precisa prestar muita atenção para entender uma história tão básica como Avatar, mas algo mais complexo deixaria muitos expectadores perdidos).

Ainda há mais um grande problema decorrente dessa carga visual: a movimentação de câmeras. Quando vi um trecho do Harry Potter em IMAX fiquei impressionado como era perfeito para cenas em um cenário limitado onde apenas os atores se movimentavam. A sensação era de se estar em um teatro com atores ao vivo na sua frente.

Com as intermináveis sequências de ação vertiginosa do Avatar, em pouco tempo já estava com dor de cabeça. Tudo se movia muito rápido e com um excesso de brilho, simplesmente não há tempo para o cérebro se adaptar as informações. Isso em uma experiência de quase três horas é o suficiente para causar convulsões como as atribuídas aos desenhos antigos do Pokemón.- aliás, a duração bem desnecessária, afinal para contar aquela trama rasa 90 minutos seriam mais que suficiente.

A despeito de todo o faturamento do Avatar, o suficiente para lhe garantir vários Oscars, duvido muito que seja o formato IMAX ou mesmo o 3D comum a grande salvação do cinema, pois, o deslumbramento com a tecnologia passa muito rápido. No fim o que sempre vai levar as pessoas ao cinema é a ansiedade de ver um bom filme e isso não está diretamente relacionado ao formato e sim a boa utilização da técnica que se quiser explorar.

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