terça-feira, 14 de janeiro de 2014

A tristeza extraordinária do leopardo-das-neves

Li o livro do Joca Reiners Terron.
Eu gosto dessa geração de autores nacionais. Produzem um material bacana de ler, tudo bem pensado, bem trabalhado.

Sinto que o patrono deles é o Tezza e a sua aplicação na prática de seus estudos de semiótica Bakthiniana. Ficou mais essa impressão quando ele foi um dos jurados que escolheu os participantes da Granta e a turminha selecionada, a mesma do Terron tinha um "quê" que lembrava a lógica interna do Tezza.

Gosto muito do Tezza, acho que vale até um outro post sobre ele depois.
Gosto da turma do Terron, mas um pouco menos que do Tezza, por um simples motivo: eles me parecem ser emuladores dos escritores que eles gostam.

Isso é bom se, você como eu, gostar do tipo de referência que eles têm. Mas acaba sendo ruim também, porque se você gosta dessas referências a comparação é inevitável.

Quando terminei de ler A tristeza extraordinária o que me veio na cabeça foi: é um Mutarelli "coxinha".

Me explico, o livro tem o surrealismo e a loucura que marcam a obra de Lourenço Mutarelli - obra que eu gosto muito - tem a técnica que marca o Tezza, mas gera um resultado artificial que "coxiniza" o texto.

O termo "coxinha" explica muita coisa pra quem conhece, mas podemos resumir como "almofadinha", ou cara de uma "alta classe" que tenta parece do povo, então vai em um bar caro e pretencioso que emula um buteco, para ele se sentir "no mundo real". É isso.

A tristeza extraordinária é um livro bom, com uma história muito boa, mas com uma execução técnica, que deixa ele bom, mas um bom artificial.

Ah, a capa do livro é sensacional, olha aí:


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