domingo, 3 de abril de 2011

Jonathan Ames vicia mais que crack

Tem uma epidemia por aí e ela se chama Jonanthan Ames.


Esse escritor americano ainda praticamente desconhecido no Brasil foi uma das grandes descobertas que fiz esse ano. Tudo começou com Bored To Death.

Esse seriado produzido pela HBO e escrito por Jonathan Ames me foi indicado por Eduardo Nasi um dia desses. Como assino a NetMovies e tinha a primeira temporada disponível aluguei para ver o que tinha de tão bom nisso.

Esse foi meu primeiro erro.

A série é contagiante. Muito engraçada, ao mesmo tempo que é melancólica. Surreal, ao mesmo tempo que é urbana e fácil de se relacionar com as situações. Poética no texto e no visual, mas sem afetação alguma. Discute problemas pessoais complexos sem nunca julgar ou recriminar as situações. E tem um elenco que dispensa qualquer explicação: Jason Schwartzman, Zach Galifianakis and Ted Danson.

A série é ambientada no Brookiln e o personagem central é o próprio Jonathan Ames (interpretrado por Schwartman), em uma fase meio perdida após o sucesso do seu primeiro romance (I Pass Like Nigth). Largado pela namorada, sem saber sobre o que escrever no próximo romance, entediado e cercado de livros policiais ele decide se anunciar como um detetive sem liciença e passa a pegar pequenos e bizarros casos para resolver (Guilherme Kroll, editor da Balão Editorial, é uma das pessoas que eu convenci a ver a série e ele apontou que essa ideia é uma homenagem a Cidade de Vidro de Paul Auster - citado na série -, onde o personagem central também é um escritor que se passa por detetive e cobra o mesmo que Ames)

Acompanhando Ames está George - um editor milionário cheio de vício e manias bizarras -, interpretado brilhantemente por Danson e o hilário Galifianakis que faz o desenhista de quadrinhos Ray.

É uma série quase difícil de explicar porque só assistindo para ter a experiência de ter que parar o dvd para recuperar o folêgo de tanto rir.

Nem vale a pena passar muito tempo falando de Bored To Death. É uma série curta - apenas duas temporadas com 13 episódios meia hora cada - que precisa ser assistida.

Voltando ao raciocínio incial. Ames vicia e vicia muito. Cruelmente a série é curta e ainda não estreiou nova temporada, então o jeito é partir para os livros.

Um bom começo é HQ The Alcoholic. Li a história e de cara me apaxonei. Não é tão engraçada quando a série, mas está tudo lá, principalmente aquele melancolismo poético que nunca julga. Uma voz narrativa muito bonita. Gostei tanto da HQ que resenhei para o especial das 5 mil resenhas do UHQ - quando a equipe e convidados só resenham títulos muito bons (veja a resenha aqui).

Essa semana chegou o I love you more than you know. Uma coletânea de ensaios e contos de Ames. Logo mais vou buscar e não vejo a hora de começar a ler.

Nesse momento uma das coisas que eu tenho mais torcido é que o mercado editorial brasileiro descubra Jonathan Ames. Não por mim que provavelmente já terei lido todos os livros em inglês se ele for publicado aqui, mas para que mais pessoas caiam nesse vício.

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