quinta-feira, 24 de maio de 2012

Sopranos

Faz tempo que eu quero escrever um post sobre Os Sopranos - faz tempo que eu quero escrever sobre muita coisa, mas acabo sempre postergando - então aproveitei a vibe que estou de desenhar e fiz duas ilustraçõezinhas de um dos meus figurinos preferidos do Tony como pretexto para o post. (Nos dois vemos a cena tradicional com o Tony Soprano de roupão, se arrastando para buscar o jornal na porta da sua mansão)

20120424-191547.jpg


(desenho digital feito no Paper da 53)


Tony


(desenho analógico no bloquinho)


Meu amigo Ricardo Malta costuma dizer que Sopranos é uma série que você assisti e depois joga sua televisão fora, porque nada vai ser tão bom quanto aquilo.


É uma hipérbole, é claro, mas tem seu fundo de razão.

Sopranos foi uma série da HBO - nenhuma surpresa aí - que foi exibida de 99 a 2007, sobre uma família de mafiosos de Nova Jersey.

A série segue uma tradição de histórias sobre o crime organizado americano, contudo tem vários diferenciais que atualizam de forma muito inteligente esse gênero.

Muito além de um chefe do crime durão lutando contra a depressão, stress e outros males deste século, Sopranos humaniza - no sentido mais amplo da palavra - esses personagens brutos que vivem na eterna desconfiança até entre os principais "amigos".

Tony Soprano é apresentado como um personagem muito complexo. Ele é um homem rico, que subiu na vida e vive centenas de dualidades. Tony usa os mais finos ternos e frequenta restaurantes caríssimos, ao mesmo tempo que veste camisas surradas e passa as tardes nos fundos de um streapclub - o Bad Bing!

Ele é gasta fortunas em bobagens e ao mesmo tempo pode matar uma pessoa - até mesmo um amigo antigo - por conta de uma pequena dívida apenas para dar um exemplo ou mesmo para aquietar um acesso de fúria.

Uma questão bem explorada ao longo da série é o lance da desconfiança permanente entre os personagem. Eles vivem em um equilíbrio tênue. Todo negócio deles é baseado em confiança e medo, contudo, como se confia em criminosos sem escrúpulos? Como se confia quando mesmo os mais antigos amigos podem te trair? Por que a natureza deles é mentir, roubar, matar, etc.

Tem tanta coisa que se pode ser dita sobre Sopranos que talvez o melhor a dizer é que é uma série obrigatória.

A série tem ousadia de se aprofundar em várias temas. Tem o ritmo ideal para trabalhar cuidadosamente todos os personagens, contando histórias bem arquitetadas e altamente complexas.

Duas coisas que eu gosto muito em Sopranos é a forma com que ela trabalha a velhice e a família.

A velhice é tratada em vários momentos. O tio Júnior que quando ascende ao domínio da família já é praticamente inválido e fica totalmente dominado pelo sobrinho Tony. A mãe de Tony, que é um caso a parte de senilidade e sofrimento graças a uma vida de rancores. Além da solidão e o vazio da vida de Paulie, um mafioso que envelhece na profissão sem nunca ascender, sem formar uma família, sem se ligar a ninguém além daqueles que supostamente são seus amigos.

Sobre a família basta dizer que após ver a série inteira você entenderá quando eu digo que a série é, no fundo, sobre uma família americana.

Veja Sopranos, pode ser que você se sinta obrigado a jogar a sua TV depois disso, mas garanto preservar a TV e não ver a série seria muito pior.

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Um comentário:

  1. [...] e, é claro, é uma série com Steve Buscemi como ator principal. (Eu esqueci de citar no post de Sopranos, mas Buscemi faz um personagem fabuloso na série, pena que ele só fica na série por uma [...]

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