segunda-feira, 11 de junho de 2012

Antes de comprar Titeuf, veja se é pra você

Li Titeuf. Peguei emprestado do meu amigo Eduardo Nasi e nunca fiquei tão feliz por não ter comprado uma HQ.

Titeuf vinha sendo alerdeado por amigos como Sidney Gusman, Flávio Teixeira e Marcelo Naranjo como garantidor de risadas convulsivas.

Em sua resenha para o UHQ, Sidney Gusman deu nota 4,5 e chegou a comparar o personagem com Calvin.

Quando Sidney Gusman indica uma HQ você - que tem alguma ligação com o mercado de quadrinhos - é obrigado a ler. Por mais que tenha um fator de gosto pessoal - que nesse caso pesou bastante - uma indicação de Sidney Gusman pinça uma HQ do anonimato e a coloca no radar dos leitores de quadrinhos. A partir do momento que está nesse radar será lida por todos os críticos e amplia suas chances de aparecer nas famigeradas listas de melhores HQs do ano, concorrer a prêmios, etc.

Titeuf tem uma arte muito boa. Um traço limpo, caricaturizado na medida certa, belíssimo e expressivo trabalho de cores. É uma alegria para os olhos ver o desenho de Zep.

Mas daí a efetivamente se divertir, rir e tudo mais é um longo caminho.

O humor de Titeuf está longe de ser universal, suas piadas caem como uma luva para pais que tem filhos pequenos ou que já passaram pela fase em que os filhos questionam tudo na vida. Agrada quem ri de piadas do gênero: "Joãzinho disse tal coisa pra professora..."; "Pedrinho fez tal coisa...". É aquele tipo de humor que permite discutir tabuscomo sexo e religião em família, contudo, a ideia de sexo e religião se tabu já é ultrapassada para muito.

Assim não atinge quem busca um humor negro, um humor ácido, quem não tem filhos, ou aquelas pessoas que falam de sexo, drogas, religião com a mesma naturalidade que discutem o tudo mais na vida, como efetivamente deve ser.

Titeuf é uma HQ para um nicho específico que os adora e não a nada errado nisso. Se você faz parte do público-alvo, como Sidney, Titeuf é brilhante, se você não faz parte, como eu, não compre, pois na metade do álbum você vai estar se pensando: o que a de errado comigo que não vejo a menor graça nisso?

Sobre a comparação com o Calvin ela se limita ao fato que as duas HQs tem como personagens central um garoto mais ou menos da mesma idade e para aí.

Calvin faz uma reflexão extremamente madura do mundo e da inocência da criança, trabalhando em uma linguagem poética. Titeuf olha para criança como o personagem central de uma anedota do humorista Ari Toledo - que certamente arranca risos de muita gente também.

Minha recomendação é que antes de comprar o álbum leia qualquer página aleatória, se você riu, vá em frente, se não, só olhar a arte em uma livraria já está de bom tamanho.

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