quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Granta


Estou lendo a Granta com "os melhores jovens escritores brasileiros". Cheguei mais ou menos na metade e já dá para tirar algumas conclusões.

Primeiro uma coisa que passou a me incomodar muito - veja bem pode ser até uma praxe das coletâneas que eu nunca tinha reparado, mas, por se tratar da Granta e toda a festividade em torno, pesou bastante pra mim -: vários autores optaram por publicar um trecho do seu próximo romance.

Eu entendo que a ideia da coletânea é só retratar a geração e pra isso um trecho de romance está de bom tamanho, mas, como disse, é a tal GRANTA, e eu esperava, no mínimo, um material exclusivo. Um ou outro caso de algum autor de importância imprescindível para a Coletânea que realmente não tivesse condições de produzir algo exclusivo, ok.

O problema é que depois de uma dúzia de contos eu me senti assistindo um DVD de trailers dos nossos próximos lançamentos, pior que isso, eu senti que eu COMPREI um calhamaço de comerciais de próximos lançamentos, algo que deveria ser distribuído pelas editoras para divulgar seus títulos e não vendido.

Ok, nenhum lugar diz que teria que ser exclusivo, mas eu me senti engando, comecei a achar os autores preguiçosos, pensei que, se eu fosse escritor e fosse participar de algo que desse tanta projeção iria querer fazer algo especial pra isso. Nisso, minha ideia inicial que era conhecer alguns autores que eu desconhecia e passar a acompanhar suas publicações daqui pra frente mudou para um certo asco, uma certa vontade de não ler mais eles, principalmente de passar muito longe desses romances que eu já comprei um pedaço.

E veja bem não estou dizendo em nenhum momento que os pedaços que foram publicados ali sejam ruins, muito pelo contrário. Gostei muitíssimo do texto do Daniel Galera - autor que eu sempre quis ler os romances, mas que o único contato que eu tive foi o gibi Cachalote que ele fez com o Coutinho. Gostei tanto que eu pensei: nossa eu quero ler esse livro, depois eu reparei que era a mesma sensação que se tem quando vê um trailer, e depois eu reparei que tinham vários desses trailers na coletânea e todos eram bons - como a maioria dos trailers são - e só então eu reparei que eu comprei um comercial, que eu paguei para ver um canal que não tem conteúdo, só comerciais. E aí eu azedei um pouco.

Outra questão que eu me pegou é que você sente a presença forte do juri nas escolhas. Salvo um ou outro escritor mediano, os mais representativos são escritores de técnica muito forte, aqueles que poderiam narrar uma partida de bolinha de gude que seria interessante, porque eles tem uma mecânica interna muito boa. E nisso eles acabam lembrando muito o Tezza, um dos jurados.

Veja bem, isso é só uma constatação e não algo ruim de forma alguma, se era para se escolher uma escola a ser seguida, melhor que seja uma escola boa como a do Tezza - autor que eu gosto muito.

Enfim, tem mais alguns contos para terminar o livro e vou até o final na expectativa de coisas que me surpreendam, mas aquele desejo que eu tinha quando comprei o livro de guardá-lo como uma referência, se foi e quero me desfazer dele assim que possível, já tem até um empréstimo agendado.

Compre o livro aqui se ainda se interessar =p

*só uma observação estatística: 8 dos 20 contos são trechos de futuros romances dos autores


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