quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Alckmin e as declarações esquizofrênicas sobre o metrô

Faz tempo que o Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, tem dado declarações totalmente esquizofrênicas quando se trata do metrô paulista. 

Vou começar com essa entrevista sem pé nem cabeça ao Jornal Estado de S. Paulo em 09/10/13.

Primeiro absurdo, o título: "Alckmin aceita usar transporte público para ir trabalhar" 
Como apontado pelo governador, ele reside e trabalha no Palácio do Governo, então, a não ser que ele abra uma linha entre o quarto dele e o gabinete, vai ser meio difícil cumprir a promessa. (Ok, ele pode usar pra cumprir alguma agenda oficial, mas o título induz a algo mais cotidiano com mais frequência)

Agora a esquizofrenia mesmo começa nessa conversa:

"Eu ando sempre de metrô. Estou sempre andando de metrô. (...) Eu tenho andado de metrô. E de ônibus, fiz uma coisa que pouca gente fez. Eu tomei o ônibus lá no Grajaú (na zona sul da capital), às 5h da madrugada, e vim até o centro da cidade [NOTA: ELE FEZ ISSO DOIS ANOS ANTES DA ENTREVISTA, EM CAMPANHA] (...) Sempre que a gente está entregando as obras, a gente faz um circuito de metrô e trem.

Veja bem, o senhor Alckmin tem que rever os conceitos dele de "SEMPRE".

Eu ando sempre de metrô.

Andar quando abre uma estação de metrô (sei lá, abre-se uma a cada dois anos) em operação especial, só você, seus assessores e meia dúzia de jornalistas não é andar SEMPRE.

Andar sempre é pegar o metro em itaquera as 06h descer no jabaquara as 08h e fazer o caminho inverso as 18h todo dia.

Agora, essa semana, em uma onda de calor absurda, aconteceu um incidente no metrô: pessoas ficaram trancadas no vagão superlotado (11 pessoas por m2 é a média do metrô de SP) sem ventilação.

Após 10 minutos se inicia o pânico e naturalmente algumas pessoas apertam o botão de emergência e evacuam o trem e andam pelo túnel até a estação, hiper lotada. Aquilo causa, medo e desespero dos que estão lá sem perspectiva de voltar pra casa e se instaura a confusão. Veja, é um processo bem orgânico, natural, não dá pra culpar ninguém por ficar tenso no fim do dia, cansado, com fome, com calor, preso embaixo da terra com uma multidão, sem orientação, nem perspectiva. 

Quer dizer, dá pra culpar o governo que não achou uma saída para o transporte, que não faz a manutenção correta dos trens e que rouba mais do que resolve. 

Daí, no dia seguinte, o nosso governador manda essa pérola:

"O problema poderia ter sido resolvido em dez minutos, mas em seguida quase 10 botões de emergência foram acionados quase que simultaneamente", 
"E aí, depredação. Eu não acredito que essas coisas sejam geração espontânea, acho que precisa ser investigado com seriedade, verificar com câmeras de vídeo qual a origem disso. O fato é que houve problema numa porta, resolvido em menos de dez minutos e que acabou causando esse grande transtorno para a população, em razão da ação inicial de um grupo de pessoas e depois de vândalos, que acabaram atacando estação, trem e destruindo patrimônio"

(trecho extraído dessa matéria do estado)

Se Geraldo Alckmin andasse "sempre" de metrô ele teria vergonha do que disse. 

Não sou fã do sindicato dos metroviários. Mas eles mandaram bem nessa entrevista à TV Estadão, explicando de forma ponderada o que aconteceu.


Deixo vocês com o Alckmin de Wagner Willian pra pensar sobre o assunto




Nenhum comentário:

Postar um comentário