Diletante Profissional: O Fundo do Céu

Acabei de ler esse livro do Rodrigo Fresán que ganhei do Diego Figueira. O autor é um argentino que eu realmente nunca tinha ouvido falar, não que houvesse muita oportunidade, esse foi o único livro dele publicado no Brasil até o momento - espero que venham mais.

Esse é um caso meio peculiar de livro que eu gostei muito mas não sei nem como explicar sem diminuí-lo.

Ele pode ser classificado como ficção científica e de certa forma é. Tem muitos dos elementos que se espera do gênero, fala sobre escritores de ficção científica e do início da ficção científica (aí tem um quê de Kavalier e Clay, que o autor até cita nos agradecimentos).

Ao mesmo tempo não se deve esperar um romance tradicional de ficção científica. Ele não é direto. É uma história muito engenhosa, poética, algo cotidiano onde o fantástico é externo aos personagens.

Não adianta, não tem muito como falar sem entregar, explicar sem minimizar.

O Fundo de Céu é um livro muito foda, muito diferente muito único. Leiam. Vale a pena.

A seguir alguns trechos que eu recortei.

"...porque ninguém esquece o momento exato no qual a inocência acaba e compreende que, a partir de agora, a vida será uma sequência de culpas mais ou menos bem administradas"

"Ver alguém que não vemos há anos equivale a ver o tempo. O tempo que passou, o tempo que não para de passar"

"A memória é o cão mais burro, você joga um pedaço de pau e ele traz de volta qualquer coisa"

"Alguém comentou comigo que existe um canal só de ficção científica, Sci-Fi Channel. Porém, com certeza, não será muito diferente do History Channel: versões do que virá, proposta a partir de formas do que já foi."

"Eu não rezo a alguém - nunca fazemos isso -, a um deus ou a um ser superior.

Nós rezamos à sua ausência.

E a única coisa que pedimos a essa ausência é que se mantenha, permaneça aí, ausente, para podermos continuar rezando a ela"

"A realidade é o que não desaparece quando você para de acreditar nela"

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