sexta-feira, 13 de março de 2015

Mas ele diz que me ama

Quase 10 anos atrás a Ediouro publicou essa HQ da Rosalind B. Penfold. Fui uma publicação discreta, sem a devida divulgação e até era difícil de achar. Hoje essa HQ consta como esgotada, só deve ser possível achar em sebos mas deveria estar em catálogo sempre.

Vale dizer que eu não compraria essa HQ por conta do desenho, não gosto desse estilo da Rosalind, mas acho válido como forma de expressão para a história. 

A HQ conta sobre uma relação abusiva, com violência física e mental contra a personagem e trata de como ela acaba relevando tudo isso e deixando tudo passar, porque ele "a ama".

Eu sei que não dá pra generalizar nada, sei que tem relações abusivas, inclusive com violência física, que terminam em morte e que a pessoa não consegue escapar por questões financeiras ou outros problemas.

Mas tem muitos casos que acaba sendo uma opção, consciente ou inconsciente da pessoa se subjuga, sofre e continua sofrendo por conta de um suposto amor.

É claro que existe a violência física, que é bem perigosa, mas que talvez seja, de certa forma, menos problemática, porque é algo claro, algo fácil de identificar pelos outros e pela própria pessoa. É sofrido, pode levar a morte e outras debilitações? Sim, mas é explícito e, talvez, esses casos sejam mais fáceis da pessoa encontrar um caminho para fugir.

Mas vale lembrar que existe também uma violência psicológica, uma tortura mental da pessoa que ofende, diminui. Essas agressões que não deixam marcas físicas, mas pesam muito e podem destruir a vida de uma pessoa mais do que uma coleção de hematomas e ossos quebrados é um mal silencioso e terrível. É extremamente difícil para a pessoa reconhecer e cortar uma relação que destrói sua auto-estima, que destrata tudo que ela acredita, que a coloca como o errado em tudo, porque todos somos loucos, temos nossas carências e necessidades e às vezes deixamos de lado nós mesmos quando alguém diz que nos ama. 

Não estou fazendo aqui um relato pessoal, felizmente não falo de experiência própria, nunca passei por algo assim e não sei como que uma pessoa nesses casos pode se ajudar, mas eu aconselho muito a lerem histórias como essa da Rosalind, a procurarem terapeutas, a olhar e pensar se esse tal "amor" realmente te faz algum bem e a lembrar que pessoas até mudam, mas isso é extremamente difícil e não se deve contar que essa possível mudança.

E também é importante ficar claro que, mesmo a mulher sendo o "sexo frágil" e mais suscetível a violência física, nos casos de violência mental homens tem tanta chance de serem vítimas quanto as mulheres.






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