quarta-feira, 22 de abril de 2015

É assim que você a perde

Há uns anos atrás conheci por acaso um livro excelente chamado A Fantástica vida breve de Oscar Wao. Na época uns dos grandes atrativos do livro eram as infinitas referências nerds espalhadas com muita naturalidade pelo texto de Junot Díaz. 

Mas não era só isso, Oscar Wao tinha personagens interessantes e uma trama com momentos bem intensos e várias referências à história da República Dominicana - país de onde a família de Díaz saiu para imigrar para os EUA. 

Eu até me interessei na época pelo autor, mas ele não tinha mais nada publicado. Díaz é escritor, professor e um ativista dos escritores de origem hispânica nos EUA. Ele se envolve em vários concursos nessa área e na organização de coletâneas e lançamentos de autores.

Até tem mais alguns livros dele publicados nos EUA, mas no Brasil só temos o Oscar Wao e o o É Assim que você a perde.

Terminei de ler semana passada esse último. Baita livro impressionante. 

É assim que você a perde não é um romance fechadinho, estrutural e cerebral como Oscar Wao, ele é uma espécie de livro confissão sobre um imigrante dominicano que não consegue fugir de uma "herança genética" que o faz trair todas as mulheres com quem se relaciona.

É um livro cru, direto, sincero e muito masculino. É difícil você ver uma literatura bem masculina como essa. Mesmo autores que eu gosto muito como Nick Hornby - que parte de uma visão masculina do mundo - pendem para um romantismo e uma doçura que o deixam mais palatável para as mulheres e tendem a tornar os personagens masculinos chorosos ou moles demais. 

O personagem central de Junot Díaz até tem seu momento de crise, mas é tudo sem frescura, é direto, não é meloso em momento algum. 

Apesar do título não espere um livro romântico, espere um livro sincero, encorpado. Espere um livro excelente, jovem, vigoroso e atual.

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