quinta-feira, 30 de abril de 2015

Entre abelhas

Estreia hoje nos cinemas esse novo filme do Fábio Porchat. 

Porchat é conhecido por seus milhares de projetos de comédia, entre eles o Porta dos Fundos, o Zorra Total e o Tudo pela Audiência e agora lança essa "dramédia".

Acho que será inevitável os paralelos do filme com Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças. De cara por conta da comparação com  o Jim Carrey, tradicional das comédias de sucesso, que fez um papel dramático em brilho eterno

E não é só isso, a melancolia do filme, a trilha sonora (que aliás é maravilhosa) até a fotografia lembram muito brilho eterno

Aliás, dizem que Porchat tinha esse roteiro na gaveta por nove anos ou seja, foi concebido mais ou menos na mesma época que Brilho Eterno.

Enfim, deixado isso de lado essa comparação que pode ser justa ou não, vamos ao que importa. 

É um bom filme? Sim, é.

Talvez não faça sucesso, é filme diferente, de final aberto, com uma certa poética e definitivamente não é um filme para o grande público. 

Tem humor no filme? Sim, tem cenas ótimas de chorar de rir, mas o clima todo do filme é melancólico, bem melancólico. 

Porchat interpreta um rapaz que acabou de se divorciar e não sabe ainda o que ele fez de errado para sua mulher colocá-lo para fora de casa. Ele volta a morar com a mãe - maravilhosamente interpretada por Irene Ravache - e começa a ter um problema estranho: não consegue enxergar nem ouvir certas pessoas. O problema vai se agravando e cada vez ele enxerga menos pessoas e ninguém consegue explicar o que está acontecendo. 

Se Porchat perseguiu esse filme para mostrar que sabia atuar além da comédia, ele foi extremamente bem sucedido. Ele está muito bem no papel e é um papel difícil, um papel pesado, alguém com uma tristeza, um vazio e uma verdadeira incompreensão do mundo a sua volta. Alguém que não entende porque a mulher o deixou, que não sabe porque as pessoas estão sumindo. 

Muita gente pode reclamar do fim, mas olha, caso valha de alguma coisa... eu gostei. 

Uma coisa que eu pensei é que em um determinado momento um psiquiatra fala para ele sobre o teste de Rorschach (aquele das manchas) e diz que o que a pessoa enxerga diz mais sobre a pessoa do que a mancha em si. 

Então eu queria fazer uma interpretação - que dirá mais sobre mim do que sobre o filme em si - mas como é spoiler, vou falar disso depois do trailer e dos pôsteres.


 





Bom está avisado. 

Minha teoria para o sumiço das pessoas gira em torno do fechamento do personagem para o mundo. Ele vai fechando tudo a sua volta, continua enxergando apenas quem tem alguma função para ele. E quanto mais ele se fecha, quanto mais as pessoas passam a significar nada diante da tristeza dele, menos ele as enxerga. E ele se fecha totalmente até achar um ponto de apoio, algo que sobra que ele pode se apegar e em cima daquilo recomeçará sua volta para o mundo.

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