segunda-feira, 13 de julho de 2015

A Netflix dos quadrinhos: Cosmic x Social Comics

Eu sou um entusiasta dos quadrinhos digitais. 

Eu acho prático, funcional, acho que as cores e muitas vezes o desenho ficam mais bonitos que o impresso. 

Eu desisti da minha coleção de HQs em papel quando percebi que era mais fácil e rápido baixar uma HQ do que desmontar um armário e tirar ela de dentro de dezenas de caixas.

Mas, obviamente, como tudo nessa vida digital, a HQ é um alvo da pirataria. Eu mesmo baixo muita HQ pirata. Tem aplicativos que vendem? Sim, mas não são tão práticos quando baixar diretamente no tablet via torrent e ler. 

Agora, não é que eu seja contra pagar. Veja eu sou um assinante e também entusiasta da Netflix, acho que é um dos melhores modelos que se pode ter para consumo de cultura, é barato e é pratico - o valor cai sozinho mês a mês no cartão e tudo está ali disponível sem nenhuma dificuldade.

Eu sempre disse que se tivesse uma Netflix dos quadrinhos eu assinaria.

Até tem um ou outro serviço do gênero, mas ainda não é "a Netflix dos quadrinhos". 

Eu acredito que se o ComiXology lançar o serviço dele (tem uma promessa, já até fiz nota no UHQ sobre isso) será uma grande revolução para ler os quadrinhos americanos. Eu assinaria fácil.

Agora, não é só de quadrinhos americanos que se vive. Tem muita coisa independente no Brasil que eu queria ler mas nem sempre tenho vontade de "arriscar" e muitas vezes é difícil de comprar, de achar e tal - mesmo em são paulo.

Por isso um "netflix dos quadrinhos nacionais" também é algo muito útil e necessário. 

Dois aplicativos estão trabalhando nesse sentido. Um é o Social Comics, que lança agora em agosto o aplicativo deles. O outro é Cosmic, previsto para novembro.

Eu tinha muitas dúvidas sobre os serviços e vi que os leitores também tinham então fiz uma entrevista com os responsáveis pelos dois aplicativos. A entrevistas saíram hoje no UHQ e estão nesses links


e


As entrevistas estão bem legais. Ambos os aplicativos tem pontos interessantes e tem um discurso muito apelativo e, o mais importante, ambos estão encabeçados por pessoas que gostam e entendem de quadrinhos, isso acho que é a chave de tudo.

No geral, eu senti um pouco mais de firmeza no Social Comics, o que é esperado porque eles já estão prontos para lançar no próximo mês. Estão com uma campanha agressiva e acho que a "camada social" do aplicativo deles é muito interessante. Essa opção de você favoritar, das notas e compartilhar com os amigos assinantes as HQs que você gostou pode ser um diferencial forte para os independentes. O autor independente normalmente tem como público o nicho do nicho e a internet e as redes sociais são poderosos aglutinadores. Se existe um público para a sua HQ ele não só vai ser encontrar dentro do aplicativo como ele vai se unir em torno dessa HQ e divulgar e aumentar até atingir o potencial máximo. Pode ser que nunca ultrapasse o nicho, mas atingir 90% do seu nicho específico já seria um resultado surpreendente.

Agora, a Cosmic oferece um serviço a mais que pode ser interessante também. Além de usar o aplicativo para ler o acervo pago, ele servirá como um leitor digital. Ok, tem vários leitores digitais gratuitos e pagos, mas confesso que eu sempre estou procurando um melhor e é difícil achar um 100% satisfatório. Se o deles for assim, pode ser um trunfo excelente.

Eu recomendo muito que vocês leiam as entrevistas, eu estou muito ansioso para ver esses dois aplicativos, ver o que vão oferecer e ver até onde podem chegar. Acho que 2016 será um ano grandioso para essa área. Esses dois aplicativos (e talvez mais outros) estarão a pleno vapor, possivelmente teremos ComiXology com Marvel/DC/Image/Dark Horse e tudo mais. 

Vai ser interessante, vai ser muito interessante.

Quando os aplicativos saírem pretendo fazer uma matéria analisando os dois por completo, comparar promessas com realidade e tal.

Por enquanto eu separei duas respostas que eu gostei muito nas entrevistas

"Quando tivermos depositado a primeira comissão de direito autoral para um independente que mora em algum lugar longe e desconhecido no Brasil e que não teria nunca oportunidade se não fosse por meio do Social Comics, teremos a recompensa por tudo que trabalhamos."
-JP CEO da Social Comics

"A nossa plataforma tem condições de, em muito pouco tempo, se tornar um laboratório para as editoras. Hoje uma editora de quadrinhos pequena ou média lança de 6 a 12 obras por ano e o gargalo dessa produção são os custos de impressão, distribuição e o que fica retido nos postos de venda. Com o Cosmic, essas mesmas editoras podem fazer o que fazem de melhor – editar obras de qualidade, revisá-las, lançar selos, descobrir e revelar autores – em um volume muito maior. Testar a repercussão das obras e, só então, lançar as que comprovadamente tiverem uma demanda real no impresso."
-Ramon CEO Cosmic








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