quinta-feira, 7 de abril de 2011

Antes da Coisa Toda Começar

Me veio a cabeça agora que esse é um bom nome para um primeiro post de um blog e me arrependi profundamente por não ter começado esse blog falando dessa peça maravilhosa.

Tenho uma regra para a vida que não tem me falhado: assistir todas as peças do Centro Cultural Banco do Brasil.

Tudo favorece para isso: trabalho perto do CCBBSP, as peças custam muito barato - mais barato ainda se você for cliente do Banco (não que isso seja motivo para você ser cliente, mas é alguma vantagem para quem o é) – e, acima de tudo, o Centro tem uma curadoria muito boa, ou seja, escolhe patrocinar apenas peças de alto nível.

Ok, nem tudo é positivo. A localização não é das melhores para voltar a noite, além de a sala ser minúscula, o que te obriga a comprar o ingresso semanas antes.

Tirando isso, tem algo muito importante a ser lembrado: esse centro cultural, como a maioria deles, é financiado por dinheiro público – o nosso dinheiro – e muita grana é investida nessas peças.


Veja bem, não há nada de errado nisso, sou totalmente a favor, aliás, estou pegando esse viés porque o primeiro pensamento que me veio à mente quando assisti a peça é que ela é algo que só o dinheiro público faz por você.

Quando você entra na sala para ver o espetáculo, se depara com um palco reduzido por paredes enormes. A área útil para o ator é minúscula.

Confesso que o que acontece depois é uma bela surpresa, então se você vai ter a oportunidade de ver a peça nas próximas semanas, talvez valha a pena esperar um pouco para ler isso – caso você seja uma dessas pessoas que se importam com os tais spoilers.

O cenário de Antes de a Coisa Toda Começar é uma bela obra de engenharia cênica. As paredes se movimentam, se desdobram, abrem, giram, revelam plataformas, criando um espaço cênico gigantesco sem mudar seus elementos básicos. Soma-se a isso uma integração excelente com projeção de vídeo e uma trilha sonora que em parte é executada ao vivo e o resultado é um verdadeiro espetáculo armado na sua frente.



Se for ver, isso pode até ser comum no mundo dos musicais superproduzidos e caros, mas para uma peça “alternativa”, sem nenhum ator “global” e com um texto mais inteligente e um pouco complexo, isso não é o padrão.

Assim como o cenário, o texto é uma “viagem” bem executada. É um pouco difícil resumir o que acontece porque inevitavelmente as sinopses não conseguem passar a magnitude da trama. De certa forma o personagem central é o espectro de um ator enfrentando facetas de sua personalidade em momentos críticos. Ele acaba sendo quase um mestre de cerimônias para três tramas muito intensas que o forçam a encarar os traumas da sua vida.

“Antes da coisa toda começar” é bonito, intenso e espetacular. Felizmente às vezes nosso dinheiro é bem encaminhado e financia obras surpreendentes, então não podemos perder essas oportunidades.



Veja o trailer





"Existir dói"

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