terça-feira, 5 de abril de 2011

Não deixe o bom senso em casa

Quem me conhece sabe que eu sou gordo. É aquele tipo de coisa que não tem como esconder.

Por conta disso várias vezes sou abordado por pessoas na rua e me vejo em situações como essa abaixo (para facilitar a transcrição vou marcar as falas da senhora sem noção como SSN).


SSNPosso te dizer uma coisa?

Eu – Pode, mas pensa bem no que vai falar.

SSNE...

Eu- Mas assim, pensa muito bem no que vai falar, pensa assim: isso é uma coisa que você falaria para qualquer estranho na rua?

SSN Sim.

Eu - Então tudo bem. Pode falar.

SSN - Eu queria dizer para você procurar a graça de Deus, porque eu estava morrendo e Deus me abençoou e eu perdi 50 quilos.

Eu – Minha senhora. Eu disse para senhora pensar antes de falar. Não disse para a senhora pensar?

SSN – A....

Eu – Minha senhora, a senhora ia gostar que alguém chegasse para a senhora na rua e te dissesse: Senhora, procura a graça de um cirurgião plástico que só ele vai dar jeito nessa sua cara feia. Não ia querer né? Então pensa antes de falar com estranhos na rua.

SSNA...

Eu- Não minha senhora, a senhora não entendeu, eu sou um estranho, uma pessoa que a senhora não conhece, não pode sair por aí falando o que a senhora quiser para as pessoas que você não conhece.



Se um amigo vem me falar algo do gênero, não me importo. Tenho vários amigos no estilo geração saúde que vão para academias, andam de bicicleta, fazem dietas e tudo mais. Se é um amigo, você sabe que ele está falando porque te conhece e quer compartilhar aquela filosofia de vida com um amigo.

Agora essa coisa das pessoas de abordarem totais desconhecidos na rua para falar sobre um assunto que ela não tem a menor noção me deixa muito doido.

Vale dizer que essa não é a primeira vez. Uma vez por mês mais ou menos alguém aparece do nada para sugerir um spa milagroso em Jundiaí, um médico com a mão santa que curou o primo de um vizinho, um remédio mágico de resolve qualquer mal, etc.

Para não ficar só nessa ideia do peso, já me abordaram para falar algo sobre a conversa que eu estava tento com outra pessoa.

Um dia, na época das eleições presidenciais, estava conversando com um amigo em um café e eu fiz uma brincadeira. Em alusão ao comercial que a Marta fez na campanha para a prefeitura de SP contra o Kassab, eu disse para esse amigo: Você sabe quem é a Dilma? Ela é casada? Tem filhos?

Depois disso saímos do café e estávamos na rua conversando quando uma senhora nos abordou de falou muito brava:

E se vocês querem saber a Dilma tem filha sim e teve um neto esses dias, e eu sei disso porque eu vou votar na Dilma!

Veja o tamanho do absurdo desse caso: a mulher ouviu a conversa de estranhos e depois quis dar palpite de forma agressiva sobre o que a gente estava falando.

Imagino que a maioria das pessoas não acredite nessas histórias. É difícil de acreditar mesmo, porque nos pautamos pelo nosso comportamento e pelo nosso bom senso que diz que não devemos abordar estranhos na rua, ouvir a conversa dele e outras coisas mal-educadas do gênero.

Eu mesmo não acreditaria, mas é verdade:  pessoas sem nenhuma noção estão soltas pela rua.

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