sexta-feira, 15 de abril de 2011

As Crônicas de Nárnia e Como Treinar o seu Dragão



Não sei o que tem nesses filmes juvenis de aventura que me atraem tanto. Talvez seja a trilha sonora para os momentos triunfantes, ou o ritmo épico da história, ou até mesmo a emoção que se constrói de tal forma que você chega a duvidar que, dessa vez, acontecerá a sempre óbvia vitória do bem.

É interessante que as histórias são um amontoado de clichês, os personagens seguem sempre um modelo básico e você sabe o que vai acontecer no filme todo nos 5 primeiros minutos que assiste.

Acho que a questão é justamente essa. Essas fórmulas narrativas são usadas a exaustão porque são praticamente infalíveis. Basta uma produção boa, uma direção competente e os acordes certos na trilha e todos se empolgam novamente com a mesma história contada com personagens de nomes diferentes.

Não vejo nada de errado nisso. Não sou contra as fórmulas e muito menos sou contra quem sabe executar bem fórmulas. Aliás, me admira esses casos calcados em estruturas tão básicas que conseguem surpreender.

As Crônicas de Nárnia é um desses casos. Assisti com muito gosto os três filmes. Me mpressionei sempre com as aparições do imponente leão Aslam. Me empolguei muito com a morte e a ressurreição dele em O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupas. Adorei a batalha final do Príncipe Caspian. E curti muito o clima em alto mar do Peregrino da Alvorada.

Todos eles sempre me chamaram a atenção para o quando o lado católico fervoroso do autor influenciou sua obra – tanto que acabei comprando o livro para ver como isso funcionava no texto original, ainda não tive tempo de ler, mas espero poder uma hora dessas.

Dá para dizer que o último filme decepciona um pouco pelo uso bobo e excessivo de tomadas para mostrar que o filme é 3D (sabe aquelas cenas sem muito propósito só para algo “saltar” da tela?). Mas no geral são histórias ótimas.



Resolvi juntar nesse post o Como Treinar o Seu Dragão por ser um filme que eu gosto pelos mesmos motivos de Nárnia e para falar algo interessante sobre a “originalidade” do filme.

Faço um curso de desenho na Quanta e os colegas de turma normalmente são mais jovens que eu. Lembro de na época que o filme estreou vários deles comentaram impressionados como o filme era inédito e inovador. Se baseavam em alguns pontos muito específicos como o personagem gordinho nerd, ou mesmo o fato de ser um filme de um garoto e seu dragão.

O interessante é que o filme não tem nada de inédito nem inovador. Tudo que está lá já foi feito. Se pegar só a linha geral da história então, você terá uma sinopse que pode servir bem dezenas de filmes.

Novamente, isso não é ruim. É legal que um filme clichê consiga encantar tanta gente e ainda convencê-las que é algo inédito. O que sempre me impressionou nesse caso é a falta de referência dessas pessoas – normal para idade – o quanto essa falta de referência os tornavam completamente certos de algo totalmente infundado.

Numa época em que 90% da produção cultural é uma releitura em algum nível, não deixa de me surpreender histórias que são tão bem feitas que levem as pessoas a pensar que elas são inéditas.

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