segunda-feira, 18 de abril de 2011

Receituário Virtual

Gosto muito de procurar receitas pela net, principalmente em sites/blogs pessoais (evito os "tudo gostoso" "cybercook" e outros do gênero por não confiar muito que são coisas testadas). Nessas buscas tenho percebido algo interessante que não era tão frequente anos atrás: existe um submundo de cozinheiros na Internet.

Me explico, não é tão terrível assim. Emprestei o termo "submundo" de um amigo que trabalha com corais e uma vez me disse que existia um submundo de corais em São Paulo. Novamente, não é tão terrível assim, eles não vão dominar o mundo ou algo assim. Um dia quando perguntei a esse amigo se existiam muitos corais pela cidade ele me explicou que os corais são extremamente comuns e, normalmente, as pessoas mais tímidas participam deles. Parece que ali naquela coletividade eles conseguem se soltar e se expor de forma que não o fazem no seu dia a dia.

Percebi algo semelhante com a culinária. A gente toma por base nossos amigos mais próximos e a maioria deles são pessoas ocupadas com outras coisas, que não se dedicam e muito menos se interessam pela cozinha (aliás, pensando nessas pessoas que comecei uma série de post neste blog e criei o tumblr de receitas passeadiante).

Mas o que tenho notado é que diversas pessoas tem sites/blogs nessa linha de pensamento e divulgam receitas e outras dicas culinárias. Uns são profissionais da área compartilhando seus conhecimentos ou divulgando suas especialidades, mas a grande maioria são pessoas num pique Julie&Julia.

Dá até para traçar um padrão desses blogs (essa não é uma análise científica, então não tem lá grande validade além de uma observação pessoal): a maioria desses blogs são de mulheres casadas (ou equivalente), aparentemente realizadas profissionalmente e que, para manter o status de mulher “moderna” tratam a culinária como um hobby e não uma obrigação de algum tipo.

Acho bem interessante essa visão da culinária como hobby. Você se dedica mais ao seu hobby do que as suas obrigações. Tem mais graça fazer porque você quer do que porque você tem.

É claro que todo mundo tem que comer x vezes por dia e em determinados horários, então tem um fundo de obrigação nisso, mas não é por conta disso que você não pode se desafiar para fazer algo melhor, buscar coisas novas e transformar o que deveria ser uma obrigação em uma espécie de lazer.

Para fechar, algumas indicações de sites que merecem uma visita:

Think Food

Site do chef e professor de gastronomia Diego Barreto, é uma excelente referência. A grande vantagem é que, como profissional da área, ele não só passa receitas que efetivamente funcionam como o tem gabarito para passar receitas “definitivas”.

Por exemplo: eu posso pesquisar e testar dezenas de receitas de bolos e posso publicar no meu tumblr todas as que eu descobrir que funcionam. Mas eu estou atirando para todo lado, estou sendo experimentalista no meu amadorismo.

Alguém especializado como Barreto só precisa de uma receita de bolo para surpreender qualquer um. Ele estudou e trabalhou o suficiente para indicar o melhor em cada área.

Isso é algo muito importante nas pesquisas virtuais: um bom filtro de informações. Com a infinidade de dados que se tem disponível na rede, começar buscando uma referência profissional ajuda muito.

Então, para começar sua pesquisa de receitas recomendo o Think Food e, se você tiver uma facilidade com inglês vale olhar o site do Jamie Oliver – para receitas práticas, rápidas, principalmente pratos principais – e o da Nigella – uso o site dela mais para doces, mas nem tudo é reproduzível no Brasil. (O site do GNT, por passar vários programas deles e de outros chefs, têm um repositório de receitas considerável, mas a busca no site nem sempre é simples).

Blogs

Já usei receitas dos blogs Pimenta no Reino, Merengue Mambembe e Desafios Gastronômicos. Tem um texto bem “mulherzinha”, mas são referências legais porque são pessoas que relatam o que testaram e estão fazendo isso no ritmo delas e porque sentem essa vontade. É diferente de um site que tem patrocínio e a obrigação de publicar sempre um conteúdo atualizado. O tempo da culinária é diferente do tempo da edição de revistas e, acreditem em mim, ninguém consegue testar 150 receitas de liquidificador de 15 em 15 dias.

É claro que essas três são referências que eu achei e me apeguei porque tinham exatamente o que eu precisava. Novamente, como na Internet o importante é filtrar informações de acordo com o seu gosto pessoal, procure siga os blogs que forem mais simpáticos para você.

Rango Camp

O conceito de submundo culinário cristalizou na minha cabeça quando descobri isso. Muita gente prega que a Internet isola as pessoas, eu já acho que ajuda a agregar, principalmente nichos.

Esse evento se define como “um grupo de blogueiros e pessoas que escrevem ou trabalham com comida que se reunem para cozinhar juntos, trocar experiências e saber o que rola nas cabeças e panelas de quem é louco por culinária e gastronomia”.

A proposta me pareceu muito interessante e acho muito bacana que existam iniciativas agregadoras dessa forma.

2 comentários:

  1. Obrigado pela comparação, com Oliver e Nigella, embora pense que não mereça tal. Abração!

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  2. Diego, referências nacionais - que conhecem os ingredientes que achamos por aqui -, honestas e bem gabaritadas não são fáceis de achar. Felizmente tem o seu Think Food

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