Inimgo(s) Público(s) nº 1

Mais ou menos na mesma época em 2009 saíram dois filmes com sinopses parecidas e que ganharam títulos quase idênticos no Brasil.

Um foi a produção americana Inimigos Públicos (Public Enimies) e o outro a francesa (dividida em dois filmes) Inimigo Público nº 1 (L'Instinct de Mort).

Até um ponto os dois filmes são bem parecidos. Os personagens centrais são ladrões extremamente carismáticos. Ambos são uma mistura de Robin Hood com Houdini. Roubam bancos, tratam as pessoas bem (até certo ponto, é claro) e fazem escapadas miraculosas das cadeias. Ambos vivem vidas de relativo luxo com o dinheiro que roubaram e com seu charme conquistam as mulheres que querem.

O interessante é que partindo de personagens relativamente parecidos, temos filmes bem distintos.

A primeira diferença é na estética da produção. Inimigos Públicos é uma superprodução americana – com tudo que tem de bom e ruim nisso.


Um visual fantásticos, trilha sonora empolgante, um ritmo muito bom cria uma atmosfera que te transporta para aquela época. Inimigos Públicos é bem competente em toda a sua técnica, toda a sua atuação.

O lado ruim da produção americana é que tudo tem que ser muito limpo, muito politicamente correto. O bandido, assim como os G-men do FBI em ascensão, tem um verniz do moralmente correto. Aliás, nas emboscadas, o FBI parece bem mais cruel e “desonesto” que os bandidos.

Inimigos Públicos conta com atores de peso como Johnny Depp e Christian Bale e é inegavelmente uma aventura muito legal.

Agora, Inimigo Público nº 1 pode até perder um pouco na simplicidade da produção – que não é nem tão simples assim já que o filme tem locações em vários países – mas ganha muito na honestidade.

O personagem central, Jacques Mesrine (interpretado por Vincent Cassell) tem seu charme de bandido cordial, mas é extremamente violento. A construção de Mesrine é muito interessante e coerente. Um soldado que retorna para casa e começa a viver do crime.


Pode-se dizer que ele é um bandido normal, com o seu relativo código de conduta, até o momento em que é preso no Canadá. Torturado violentamente na prisão, quando ele consegue fugir toma para si a missão de destruir o sistema. Roubar bancos e destruir prisões faz parte de um plano maior na cabeça de Mesrine.

A violência em Inimigo Público é maior, bem mais clara e o personagem se torna muito mais interessante.

Vale a pena ver ambos os filmes, mas sempre tendo em mente que são filosofias diferentes, formas diferentes de contar histórias parecidas.

PS.: Não confundir esses filmes com o clássico Inimigo Público (1931); mesmo nome, filmes diferentes. Nem com Superman e Batman – Inimigos Públicos =p