quarta-feira, 27 de abril de 2011

JP Cuenca

Confesso que conheço muito pouco dessa geração de escritores brasileiros a que Cuenca pertence. Sei os nomes, sei que existem alguns grupos mais ou menos coesos, mas não me interesso muito pela movimentação cultural (hype?) que a maioria deles promove. Mas, por gostar de literatura, a curiosidade em saber sobre o que esses autores escrevem existe, então aproveitei a oportunidade de emprestar dois livros de um amigo e confesso me me surpreendi muito com o que li.

Comecei pelo Dia Mastroianni, o segundo romance de João Paulo.

De cara me agradou os capítulos curtos e o livro aparentemente enxuto. Não tenho preguiça de ler, mas atualmente tenho preferido os autores mais concisos, gosto da agilidade na leitura, da facilidade de interromper o texto quando precisar graças aos capítulos de poucas páginas, acima de tudo, gosto de livros que oferecem a tentação de serem lidos de uma vez só.  Aqueles livros que te envolvem e quando você percebe pensa "já que estou na metade agora vou até o final".

Os dois livros do Cuenca que li são assim. O Dia Mastroianni li em uma tacada e O único Final feliz para uma história de amor é um acidente li praticamente em duas parcelas.

O Dia Mastroianni é uma viagem interessante. Costurado com uma experimentação metalinguística vemos o relato de um dia de dois jovens com dinheiro (dos pais) em um dia que vestem suas melhores roupas e vagam de bar em bar com a mesma levianidade com que tratam as próprias vidas e relações.

É difícil falar sobre o livro, talvez baste dizer que ele tem uma estrutura bem curiosa e funcional e é salpicado com sacadas inteligentes. Pode não ser o livro mais indispensável do mundo, mas, havendo um tempo, vale a pena ler.

O Único final feliz... já é um livro com uma proposta diferente. Começa com o fato dele ser feito por encomenda. Mesmo que seja um projeto de maior liberdade - o Amores Expressos que despachou alguns escritores para viverem um mês em diversos países do mundo e depois escrever algo inspirado nessa experiência - o livro não é uma criação 100% expontânea e inevitavelmente está atrelado a uma temática.

Mas vale dizer que isso não diminui em nada a qualidade do livro. Uma ficção bem surreal sobre um pai opressivo e controlador com recursos além da imaginação que é bem a cara do Japão, ou pelo menos da imagem que a gente tem do país para onde Cuenca foi enviado.

Além de um conceito diferente, o livro é muito bem escrito, com  recursos literários inteligentes e com direito até a uma brincadeira gráfica (o livro possui dois narradores que se alternam, o filho do Sr. Okuda e a boneca robô que o Sr. Okuda compra para substituir sua esposa, os capítulos narrados pela boneca são impressos em vermelho).

Tenho impressão que dei voltas, dei voltas nesse post mas não falei nada.

Resumindo: O Dia Mastroianni  e O único Final feliz para uma história de amor é um acidente são bem interessantes e valem a pena serem lidos.

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