segunda-feira, 16 de junho de 2014

Arrow e os heróis de hoje

Arrow, o seriado do Arqueiro Verde, tem dividido muito as pessoas, alguns falam que é divertido, outros que é muito ruim. 

Eu passei a largo por Arrow por uma falta de paciência qualquer, mas quando vi o trailer do novo seriado do Flash com a participação do Arqueiro resolvi dar uma chance pra série. 

Dos heróis da DC o Arqueiro Verde é meu preferido ele tem toda a vibe de um Batman genérico, mas encontrou seu espaço.

Então vamos falar da primeira temporada da série. Primeiro é bom avisar que não tem nada de maravilhosamente bom na série, nada que justifique pensar que será uma série bem elogiada e com um grande número de seguidores fazendo barulho e discutindo cada episódio.

A série perde muito por ter um roteiro meio óbvio e com muita enrolação (uma das grandes dificuldades das séries de temporadas longas), por ter um ator principal que tem o físico ideal para o trabalho mas é muito fraco na hora de atuar e pelo fato que as histórias de ação normalmente pedem um orçamento um pouco maior para a produção não sofrer muito. 

Ainda assim, eu acho que dá pra superar isso e se divertir. Eu estou me divertindo com a série. Eles tiveram uma ideia bacana de dividir a série em duas linhas de tempo, uma são os primeiros passos do herói justiceiro e a outra são os anos de Oliver na ilha.

No fim ficou um meio termo entre Smallville e Lost. Eu sei, parece ruim e eu não posso em sã consciência dizer que você deve investir seu tempo nisso, mas eu posso dizer que se você quiser relaxar e não pensar, pode se divertir com a série. E, se você for fã do herói, tem muitas referências interessantes pra se pegar.

Agora o meu ponto inicial com esse texto é a visão de herói nos dias de hoje. Na era de prata dos quadrinhos meio que se fixou que herói não mata. Isso passou para filmes, séries e etc. O herói faz mais do que um policial poderia, quebra um monte de regras, mas não cruza a linha da morte. 

Isso meio que sempre foi um regra com raríssimas exceções nos quadrinhos (Justiceiro é uma dessas exceções e sempre foi classificado como anti-herói por isso). 

O tempo passou, o mundo mudou. Terroristas derrubaram o World Trade Center, o medo e a paranoia aumentaram e veio Jack Bauer e muitos outros que cruzavam todas as linhas pelo "bem maior". Os heróis de hoje matam quando julgam necessário e provavelmente a maioria do público aprova isso. 

O Superman, o grande escoteiro da DC, matou seu rival no filme e o novo Arqueiro Verde segue essa tradição. 

Arqueiro Verde é o novo herói dos nossos tempos é o cara que até dá uma chance para o bandido regenerar, mas é uma chance só, depois é flecha no peito. 

Sinceramente, não sou fã dessa visão de mundo aplicada nos super-heróis que vieram de outra lógica. É diferente de Jack Bauer, algo criado no calor do desejo americano pela morte de terroristas. Jack foi forjado dessa forma e no decorrer de sua existência sua forma de agir ficou cada vez menos válida. Aos poucos a lógica do mate antes pergunte depois mudou, não é mais o jeito certo, agora é o jeito criticado. 

É claro que os resquícios de uma mudança tão grande de paradigmas sempre vão existir, mas é uma pena que isso seja descarregado em uma mitologia quase sacra criada por 75 anos de quadrinhos. 

Dito isso, só gosto de lembrar que, mesmo não concordando com a ideologia, mesmo não compactuando com a visão política - que pode estar só na minha cabeça - eu ainda consigo me divertir com Arrow. Vi uma temporada inteira, verei a segunda. Sem pretensões, só por diversão. 



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