quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Pelo voto Nulo

O Eduardo Nasi postou no seu blog um texto de porque votar nulo. 

Eu reproduzo o texto aqui embaixo, mas antes eu queria acrescentar que eu concordo muito o que ele diz que eu queria dizer isso já há algum tempo. 

Eu acredito que da mesma forma que votar em um "nanico" no primeiro turno é um posicionamento ideológico para dizer que um tanto da população quer aquelas propostas daquela pessoa, votar nulo no segundo é um posicionamento ideológico que diz que essa campanha horrível, com essas duas deformidades que só tem a falar mal um do outro, não representa os desejos de todos.

Ando pelo centro e não vejo dezenas de pôsteres propagandeando um ódio contra o Aécio. O foco do PSDB também é apontar o quanto o PT é corrupto. Ou seja nenhum dos dois lados acha que tem propostas boas o suficiente para convencer as pessoas. Ambos se concentram em dizer o quanto o outro é pior. 

Veja, mesmo que 99,9% da população vote nulo, a eleição será válida e o 0,1% decidirá.

Ou seja o nulo nunca ganha, mas o nulo sinaliza que X% da população acredita que esses dois candidatos e esse sistema eleitoral. 

Acho que a escolha deve ser do que você acredita e se você não vai votar pelas propostas de alguém, se você não acredita em alguém, votar no adversário só por votar contra, não faz sentido. 


Por Eduardo S. Nasi

1. É mentira que voto nulo é igual a se abster de uma escolha. Voto nulo é dizer que você não concorda com nada disso que está aí. Também é uma escolha. Isso é óbvio. Mas não parece.


2. É mentira que o voto nulo é uma saída fácil. Até pode ser. Mas até aí escolher entre Dilma ou Aécio também pode ser uma saída fácil e impensada. Inclusive, pros meus parâmetros, a virulenta paixão pelos candidatos têm mostrado que é bem cômodo simplesmente odiar um lado e escolher o outro. E digo mais: o clima de torcida destas eleições tem transformado qualquer escolha em uma escolha burra. Só depende do ângulo que se vê.


3. De qualquer maneira, votar é uma obrigação, mas a escolha é de cada um. A pessoa tem direito em votar em quem quiser, como quiser e com o nível de reflexão que quiser. (O cenário bélico destas eleições cria em mim uma tendência de simpatizar com o voto dos bobos, dos inocentes, dos avoados, dos que se deixam levar pelo coração.) 


4. Vi muitos amigos que falaram muitíssimo mal de um candidato no primeiro turno virarem a casaca e passarem a apoiá-lo. É um direito. Cada um é livre pra fazer o que quiser. Mas, nessa, não contem comigo. Amigos: eu lembro do que vocês disseram sobre os candidatos que vocês adotaram.


5. Cada voto é um aval. Quando o próximo presidente mandar bater em manifestante, matar índio ou desmatar a Amazônia, ele vai bradar que teve X milhões de votos. São esses votos que vão legitimar os transgênicos, a condução desastrada da economia, o desprezo pelos direitos humanos, o estímulo desenfreado a setores ultrapassados da economia. Cada voto a mais é um avalzinho a mais pro horror. Bem pequeno. Mas é. O voto nulo diz: "não ao horror".


6. Dadas as opções, não vejo alternativa ao horror. Não acredito em "menos horror" nem em "mais horror". Não acredito em dar aval a "menos horror". Horror é horror, merece apenas repúdio.


7. Não acredito em candidato perfeito, o que significaria anular pra sempre, como uma regra. Mas acredito em candidato razoável, em candidato OK, em candidato que dá pra engolir. No primeiro turno, eu vi uma pequena porção de candidatos razoáveis. Não teria anulado. Mas acredito em limite para o que posso tolerar. Quero ter o direito de dizer que os candidatos do segundo turno estão além do meu limite de tolerância, e quero que outras pessoas possam dizer o mesmo sem serem perseguidas ou chamadas de covardes, direta ou indiretamente.


8. Sei que, neste contexto de virulência e torcida, o discurso a favor do voto nulo é frágil. O voto nulo não tem equipe de marketing, não tem time de social media. Também não tem representante no debate, não dá entrevistana TV, não tem adesivo nem cavalete de rua. (Por isso mesmo, é um discurso mais forte: é um discurso sobrevivente.)

9. Fala-se muito do porquê escolher um candidato, e pouco sobre dizer "não". Temos que aprender a dizer mais "não". A não apoiar, a não dar aval. Por isso, defendo o voto nulo. 

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