quarta-feira, 1 de julho de 2015

Sandman - 2/3 do caminho

Estou terminando o segundo terço de Sandman (final do vidas breves) que corresponde basicamente a parte que eu já tinha lido da história. 

Cheguei a uma conclusão bem triste: li Sandman na época totalmente errada. 

Se eu tivesse lido quando era adolescente acharia a melhor história do mundo como todo mundo acha. 

Sandman é uma ode ao fim dos anos oitenta e a adolescência tardia. Ele é aquele quadrinho para quem estava começando a achar que "pegava mal" ler super-heróis, mas não queria parar de ler quadrinhos. Então vem Gaiman com essa história que acerta em cheio. 

Sandman é um pouco mais denso que uma HQ de supers, troca as fantasias coloridas por um visual punk/gótico/deprê e em vez de ter personagens com super poderes tem criaturas míticas, deuses e fadas e tudo mais que se pode extrair da literatura traduzido de uma forma palatável para quem só estava acostumado a ver qual seria o próximo plano do Coringa.

É um negócio que você lê e fala: "que louco, ele está falando de deuses, da criação, da vida e da morte. Pô a e a Morte! que personagem sensacional!"

A ideia em si dos Perpétuos de fato é muito legal. Morte (Death), Destino, Sonho (Dream), Destruição, Desejo, Desespero, Delírio. Todos seres que vieram antes de tudo e que serão os últimos a saírem quando o universo terminar. Até os deuses se encaixam perfeitamente nessa lógica, eles começam como um sonho e ganham poder conforme são adorados. 

É algo muito instigante. O problema é que por mais que tenha sido revolucionário para o grande mercado americano na época, por mais que seja interessante de ler ainda hoje, não é tudo o que venderam. 

O sexo, a violência, a abordagem de temas como a Morte em si não fazem uma história adulta, falta estofo para ser algo mais do que diversão adolescente. Tem muito texto, tem muita citação, tem muita referência, mas no fundo, é uma aventura sobre um cara com poderes, um figurino do the cure, uma missão complexa e uma família de semelhantes tão complexos quanto ele. 

É bom? Sim. Vale a pena ler? Sim, principalmente se você for um adolescente querendo viajar em uma filosofagem de boteco. 

O desenho continua sendo uma barreira imensa pra mim. 

O design dos personagens de Gaiman e as possibilidades dos reinos deles facilitam muito a vida dos desenhistas, mas quando eles tem que fazer algo mais real, quando tem que mostrar o trivial - e tem muito trivial na história. É sofrível (separei uma seleção de desenhos ruins aí embaixo). 

foi terminar com um diálogo que eu gostei

"Eu amava de verdade seu irmão"
"Você era uma deusa do amo. Eu não esperaria outra coisa"









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